quarta-feira, 27 de junho de 2012

Mote p'r'um cantadô

Mote p'r'um cantadô


Prof. J. Bamberg  
(MestreAngoleiroEncantadoCavaleiro)
p/ Dércio Marques

     ... "... Quânun morre um menestrel
     surge u'a nuve' no céu
     carregada de saudades
     ô-êi-viò-lá!..."...




segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Sobre uma certa casa em Bremen


Sobre uma certa casa em Bremen,
ou, no Goiás/Brasil de dentro...
p/ Martins Muniz, Família,
Sistema CooperAÇÃO Amigos do Cinema,
,e,óbvio,Heleninha Ignez Cipriano,artista de futuro.
J. Bamberg
professor, pesquisador,humanista, produtor
Terra Gwaiyah ,23 de janeiro de 2012

O cinema brasileiro, em certos aspectos,ao meu rude tentar entender, particularmente no tocante às iniciativas populares  mais criativas, até para compensar a falta, institucional-governamental, de tudo, funciona tal e qual um certo casarão na Bremen do fabulário. Lá na ponta da rua, lá nos arrabaldes da metrópole mercadológica, fica esse casebrão acastelado maldito, abandonado, mal tratado, largado à própria sorte, em desmazelo de décadas,à mór das vêzes,à mercê dos editais draconianos e sua objetiva complicação no atendimento de exigências....

Martins Muniz é como um daqueles bichos da velha fábula da "Casa em Bremen". Acossado pela crônica falta de recursos, passa à porta desse mais possível casarão vazio, espaço tornado público à revelia e pela inevitabilidade da iniciativa do invasor, e da suas necessidades diante do grande vazio da inoperância oficial - repito e repilo - devidamente abrigada em seus confusos editais e quejandos. Já à sua porta, ele pára, observa, adentra, verifica suas possíveis funcionalidades tardias, e convoca os demais bichos-artistas da sua catrupilha outsider maravilhosa, para mais uma saudável atividade cooperada. Aí, um limpa, o outro pinta, outro levanta, outro escora, um mia, outro vigia, outro canta, outro salta ou, anda no arame... Apertos de lá e de cá, e o milagre: mais um filme dessa extraordinária cozinha artístico-cinematográfica ! Muniz é o mestre- padeiro, cozinheiro, alquimista, tipicamente glauberiano dessa mágica producional, mas, recusa o título e o posto,peremptória e  definitivamente. E assim, seguem em processo, a duras penas, as viradas incontáveis dos rumos do seu roteiro coletivo, e quando menos se espera, não é delírio, muito menos fuga,ou, um expediente qualquer. É um filme feito em sistema cooperado, com gentes-bichos-artistas da melhor qualidade, do melhor apuro e dedicação, seja na atuação na interpretação, na técnica, na dinâmica da captação fotográfica e fílmica, na produção da fazeção dessa fábula quase impossível, insondável, e tão comoventemente verdadeira, tal e qual ele e sua troupe fantástica. Assim, sob sua batuta suave, discretíssima, sábia batuta, mais outra produção Martins Muniz e Sistema CooperAÇÃO Amigos do Cinema.

Pronto. Casarão-espaço-locação-cinematográfica, reocupado, rearrumado, reorganizado e,claro, outra vez producente! Seja esse, uma escola mal cuidada, um pardieiro, um barracão ou um teatro velho, abandonados, ou em mau uso, em aguardo da próxima fornada, do seu pão quente fílmico. Arte é o que fazem, eles, em grupo. Muniz os guia,a todos, desde o seu batimento cardíaco tão descompassado quanto seu andar claudicante, como o seu apalpar leve e tão perceptivo das diferentes expectativas de cada integrante do grupo , da boa ou má hora das coisas,pessoas ou eventos somatórios...E,junte-se a tudo isso, o seu olhar cambiante, muito embora atentíssimo,vasculhando o improvável set, alí, a tempo e condições,à hora.Tudo é relativo.

Próxima parada: mais outro filme. E, quem sabe, a ocupação producente e saudável de outro castelão abandonado e triste, para lhe ser dada  de volta, vida, criação, cinema em sua melhor tese: o coletivo cooperado e ativo !

Longa vida a Martins Muniz, bicho-artista- mestre, e o seu Sistema CooperAÇÃO Amigos do Cinema,seus companheiros-gente-bicho, magos-da-luz,desta arte mágica e tão especial.

À sua fala,todos ligados : "-...Atenção,gente! AÇÃO! GRAVANDO!..."